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segunda-feira, 21 de março de 2011

Uma Viagem no tempo

Li no site www.revistamotoclubes.com.br e autor deste texto é conhecido como Leozito no forum http://www.duasrodas.net.br.

No decorrer das décadas de 70 e 80, era quase impossível um mero mortal ter uma moto de alta cilindrada no Brasil, pois os modelos vendidos no território nacional eram importados e com o valor de aquisição que beirava a estratosfera, então dois mecânicos e também amigos (Luiz Antônio Gomides e José Carlos Biston) revolveram inovar e dar um jeitinho brasileiro para conseguir ter uma moto de alta cilindrada, com um preço compatível com a realidade do povo brasileiro na época.
Foto abaixo mostra os dois amigos trabalhando juntos:

E o protótipo criado por eles (o mesmo que estão mexendo na foto acima):

A estrutura da primeira Motovolks (das fotos acima) foi feita com pedaços dos quadros de uma Harley e de uma Indian 1200, enquanto a parte inferior foi construída artesanalmente e por incrível que pareça, foi aprovada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP.
Logo após essa aprovação, havia a necessidade de um lugar para a fabricação do próximo protótipo (que ostentava detalhes como o painel do Chrysler Esplanada e tanque em forma de caixão), os dois amigos então decidiram abrir uma oficina em São Paulo, na Avenida Dr. Salomão Vasconcelos 668, e construíram mais três Motovolks, cujo paradeiro delas atualmente é desconhecido.
Mas a história não termina aqui. Uma empresa de São Paulo, a Auto Importadora Ferreira Rodrigues, se interessou pelo projeto dos mecânicos, então nasceu, em 1978, a lendária AMAZONAS, única moto com marcha-a-ré, que foi considerada na época, a maior motocicleta do mundo. Foi a maior febre em todo o Brasil, pois nesta época, não havia importação de motos no Brasil, e o povo tinha que se conformar com algumas motos nacionais de baixa cilindrada.
Deste modo, surgiu a Amazonas Motocicletas Especiais - AME, empresa fundada em 15 de agosto de 1978, no bairro da Penha em São Paulo. A produção dos modelos da marca iniciou rapidamente, após 32 dias depois da criação da AME, com os modelos Turismo Luxo, Esporte Luxo e Militar Luxo. A moto era uma verdadeira salada de peças de carros da época, com peças de: Corcel, Fusca, Puma e até do caminhão 608 da Mercedes.
Aqui, a foto de uma Amazonas em 1978 na pequena linha de produção:

(no final deste post deixarei um arquivo da revista duas rodas, do mesmo ano
dessa foto, contando a novidade para os motociclistas da década de 70)
Para se ter uma idéia, na época em que ela era fabricada, a Amazonas custava o equivalente a seis unidades da Honda CG125 (pesquisa feita pela Revista Moto Show em 15 de abril de 1983). Nos anos 80, a Amazonas teve seu auge alcançado, com seus modelos sendo exportados para o Japão (onde chegou a ser capa de revista), EUA, Kwait e também alguns países da Europa.
Em 1986 a AME mudava de mãos, sendo adquirida por Guilherme Hannud Filho, mas sua história não iria muito mais longe. Infelizmente, nem tudo foi alegria na existência dessas "grandiosas motocicletas", pois com a abertura da economia brasileira no início da década de 90, as motos importadas vieram com tudo e detonaram com a AME, porque os preços das motos importadas caíram vertiginosamente. A empresa acabou encerrando suas atividades com um total próximo a 450 unidades, das quais mais de 100 destinadas a polícia e exército. Apenas oito unidades com side-car foram fabricadas.
No ano de 2007, chegou a notícia, feita pelo próprio Guilherme Hannud Filho, que havia adquirido a marca em 1986, mas até o momento a marca não conseguiu emplacar o sucesso do passado. Inclusive muitas pessoas nem se quer sabe que a marca resurgiu das cinzas. Abaixo, a foto de um modelo atualmente vendido, de 250cc:

Recentemente a revitalizada AME se associou ao empresário Pedro Bronzatti, que produz no interior de São Paulo uma custom com motor Volkswagen de projeto próprio, mas em baixa escala. Quase 100 kg mais leve e mais fácil de ser conduzida, a nova Amazonas está em desenvolvimento com motor equipado com injeção eletrônica e será montada na planta da empresa em Manaus, mas sem data de lançamento ou novas informações.
A título de curiosidade, segue a ficha técnica de uma Amazonas 1600 Turismo (1983):
cilindrada: 1584cc
motor: 4 cilindros refrigerado à ar com duas válvulas por cilindro
alimentação: carburação dupla
peso seco: 384kg
partida: elétrica
freio dianteiro: disco duplo
freio traseiro: disco simples
potência:  56cv a 4.200rpm 
capacidade do tanque: 30 litros
câmbio: 4 marchas + Ré
quadro: berço duplo em aço
suspensão dianteira: telescópica
suspensão traseira: duas molas
comprimento: 2,24m
largura: 1,05m
entreeixos: 1.69m
velocidade máxima: cerca de 140 km/h
aceleração 0 a 100: cerca de 10 segundos
Agora chega de história e vamos conferir fotos das Lendárias Amazonas:









Por fim, a prometida reportagem de 1978, da Revista Duas Rodas:

Nota: criei o post através de pesquisas na internet e o texto foi editado por mim, mas retirei as informações de inúmeros locais, como:
motonline.com.br
diariomotocicleta.blogspot.com
motobr.wordpress.com
restivoscar.blogspot.com
uol.com.br/bestcars/motosdopassado
motosclassicas70.com.br
Espero que gostem e possam aprender um pouco mais sobre o motociclismo brasileiro dos anos 70 e 80

segunda-feira, 14 de março de 2011

Sobre acidentes e outros premios afins

 

Caros companheiros de jornada, usuários de veículos de duas rodas, amigos, gente diversa e versada em discutir sobre motocicletas.

1.    Acidentes:
    Para início de conversa, um Amigo foi sumariamente derrubado (e o quase-assassino nem parou para socorrê-lo) essa semana, mas para nossa imensa alegria teve ferimentos leves, está a salvo agora.
    Essa é a notícia que me motiva a escrever este texto, posto que independentemente da seriedade com a qual se conduz uma motocicleta, sempre haverá alguém que não se importa com você. Digo isso sem amargura alguma, pois entendo que cada ser humano deve viver da maneira com acha melhor e, parafraseando Caetano Veloso: “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.

2.    Temas difíceis:
    Porém, como pertencente a uma nação com educação não voltada a discussões sérias como a morte, coisa ainda um tabu na família brasileira, não consigo compreender as atitudes de alguns motoristas.
    E me pergunto: Qual o intuito, a função, a justificativa para se fazer uma manobra de ultrapassagem antes de uma lombada sem levar em consideração que todos a volta estão reduzindo?
    Sempre aparece uma multidão de populares, mesmo que o socorro já tenha chegado ou mesmo que o acidentado venha a falecer. Sinto como se alguém morto exercesse algum fascínio sobre algumas pessoas, pois até outros motoristas param para ver a cena mesmo não podendo acrescentar mais nada a situação, contribuindo conscientemente para um engarrafamento sem propósito.

3.    Discussões paradoxais:
    Cada acidente de trânsito que presencio faz minha mente viajar a muitos lugares, e discuto a morte comigo mesmo. E sonho o dia em que os impostos que pagamos não sejam utilizados para pagar funcionários incompetentes pondo em prática uma lei de trânsito no mínimo inusitada, onde o cidadão que não comete crime algum mas tem o potencial porque ingeriu alcool é punido com severidade, mas o cidadão (?) que comete crime de trânsito sequer é localizado, que dirá punido...
    Minha revolta entra em conflito com minha aflição de ser motociclista. Sou viciado em motocicleta, em viajar, em descobrir novas paisagens. Mas quando penso que um imperito qualquer pode me derrubar, me mandar para um hospital na melhor das hipóteses, interrompendo minha vida produtiva, nem consigo definir o sentimento que manifesta mais forte: a raiva da possibilidade do acidente ou o prazer de desfilar com minha Custon de baixa cilindrada.

4.    Viva o nosso povo:
    Não entro nessa das propagandas do governo federal onde “o brasileiro é o povo mais inventivo do mundo, transforma dor em alegria com um jeitinho todo especial e blá blá blá. Isso é falácia...
    Mas entendo que temos que fazer boas escolhas e obter o melhor do que se tem dsponível. Nesse ponto, alguns se saem melhor que outros e as vezes uma idéia simples se mostra bastante útil.

5.    Um prêmio inusitado:
    Como colaborador do Kansas Clube Leões do Asfalto – Facção Recife, estou sempre em contato com eles, frequentando as reuniões e acompanhando-os em algumas viajens, posso falar-lhes aqui de uma dessas sacadas que fazem o viver mais interessante.
    Indo na contramão das homenagens comuns, que normalmente são feitas a pessoas já falecidas (Cidades, Avenidas, Praças, Hospitais, Escolas e outros prédios públicos), os Leões mostraram a que vieram: quando um motociclista membro do Clube sofre um acidente, recebe em homenagem uma caveira negra em forma de bordado.
    O objetivo disso é simples: cada vez que você olhar para o seu colete vai lembrar daquele dia, os outros membros também vão, outras pessoas que não sabem sobre o bordado vão perguntar, e você nunca vai esquecer. Se você cometeu algum erro, imprudência, ou mesmo não estava em condições de dirigir aquele dia ou não foi capaz de observar os imperitos a sua volta, também não irá esquecer.
    E a melhor parte disso tudo é que a caveira negra é uma homenagem a alguém que caiu, machucou-se ou não, mas acima de tudo está vivo. Porque os que fazem parte do Leões, não precisam estar mortos para serem homenagiados.

6.    Conclusões:
Dessas observações que fiz e espero ter me feito entender, pode se entender que não é facil conduzir uma motocicleta mesmo que você tenha talento natural, as Leis de trânsito não são feitas para proteger o cidadão e sim para puní-lo, e vai fazê-lo não importa o tamanho de sua tristeza, não somos educados para compreender e discutir a morte e por fim, se você anda em Bando, nem quando você cair vai ser esquecido. Literalmente.

Eu ando em Bando.

Joel Gomes (jotagomes@gmail.com) Colaborador do KCLA – Recife.